domingo, 20 de dezembro de 2009

Ode ao Tipo

O Tipo está lá. É non-sense. Ninguém sabe muito bem o que é, se é uma expressão, ou se é uma pessoa. Ninguém sabe se é "Aquele Tipo" ou "Aquele Tipo de Pessoa".
Tipo, ele aparece nas nossas frases. Rasteja para o meio delas quando não sabemos o que dizer. Ou quando vamos a dizer algo e nos perdemos... tipo isso, sim.
Já viram bem a quantidade de vezes que ouvimos a palavra tipo durante o dia? (e o referimos?) Nem sabemos muito bem quem ele é... tipo, ele está lá, isso é certo.

Tipo, se me estás a ouvir... tipo, estás lá!


Puramente non-sense... é só mesmo por que está a chover

domingo, 29 de novembro de 2009

Nanowrimo

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Desabafo de uma tarde de Sexta-Feira

Já alguma vez tiveram uma tarde livre, só para vocês? E sentiram que nessa tarde a última coisa que queriam era estar em casa, sem fazer nada? Foi o que me aconteceu hoje.

Mas recuemos um pouco. Tinha tido Educação Física antes do almoço e estava cansada. Detesto voleibol! Detesto quando vou a correr para apanhar a bola e ela passa-me ao lado e tudo o que ouço é "Opá, olha o que fizeste!". Dá-me vontade de lhes dizer que não passa de uma aula, mas não adianta... ignora-se.
Mal cheguei a casa, sentei-me a ver o episódio da série que tinha gravado na noite anterior. Não me apetecia almoçar e acabei por almoçar no MacDonald's quase às três e meia da tarde, com o meu irmão.

Em vez de voltar para a casa, apeteceu-me ir sozinha para a baixa. Enquanto ia no metro, como desta vez não ia a ler ou a ouvir música, fui reparando nas pessoas à minha volta. Um rapaz (com vinte anos) olhou para a minha mala dos Blind Guardian, desconfiado- devia achar que eu tinha de estar vestida toda de preto e com botas de tacão de dez centímetros para poder usar uma mala daquelas.
Saí na baixa e fui até à FNAC, onde estive a tarde toda a ler. É incrível como são tão permissivos naquela loja! Estava uma sala inteira de pessoas a ler (que foram mudando durante a tarde) e eles nem reclamavam. Acabei por não levar nada, felizmente tenho muitos livros em lista de espera. Às seis e um quarto (ou lá perto), quando saí do "Espaço de Leitura", com uma estranha sensação reconfortante, ouvi barulho. Música. Subi as escadas até ao andar de cima. No dia anterior tinha visto o David Fonseca (e tinha incluído autografo e um desenho personalizado) e estava com esperanças de o encontrar outra vez. Mas não, era a banda João Só e Abandonados. E devo admitir que gostei, apesar de ter chegado quase no fim.

Quando saí para a rua, senti que não estava tanto frio como nos dias anteriores. Felicidade, fui passear pela baixa, sozinha, e ver as iluminações de Natal. Estão espantosas! Reparei na quantidade de gente que passava por mim a falar ao telemóvel. Um dizia "Tu nem sabes, nem sabes!" e continuava a andar (todos andam mais rápido que eu), outro dizia "Olha é assim, paaaaah!" e não ouvi mais. Umas raparigas, mais novas que eu, falavam de roupa e diziam "Ai, tu nem sabes o que a nãoseiquantas fez" (onde já ouvi isto?). Quando dei por mim eram horas de voltar para casa.

Fui a desenhar no metro, claro. Um miúdo atrás de mim, guinchou que eu estava a desenhar, excitado. Uma senhora à minha frente, com ar estrangeiro, sorria - talvez não percebesse. Ao meu lado, um senhor de pé parecia esperar que eu me levantasse para ele se sentar.

Se vivesse na baixa, acho que não resistia a fazer isto todos os dias!

sábado, 13 de junho de 2009

Lobisomem- parte 2

Nos dias que se seguiram, Isobel não conseguia esquecer o estranho lobo. Conservava-se mais calada e isolada do que nunca. Mas também não tinha coragem de se aventurar para dentro da floresta de novo. Nada lhe assegurava que encontraria o lobo de novo. E também nada lhe assegurava que entraria e saíria em segurança da misteriosa floresta.
Alguns dias depois, enquanto Isobel lavava as mãos no poço depois de uma tarde de trabalho, Sam aproximou-se.
- Isobel!
Levantou a cabeça. Sam era um rapaz franzino e moreno, pouco atraente ao qual nunca se dignara a dispensar a sua atenção.
- Diz!
- Encontrei isto! É teu?
Sam estendeu-lhe um fio preto com um dente de lobo preso. Era o colar que tinha perdido naquela fatídica noite na floresta.
- Onde o encontraste?
- Não importa! É teu?
- É…
Isobel arrancou o colar das mãos de Sam e colocou-o. Deixou o balde deslizar até ao fim do poço e afastou-se a correr, arregaçando o vestido para correr mais depressa.
- Espera!- chamou Sam.
- Que queres?
Sam fitou-a e Isobel franziu o sobrolho.
- Que queres?- repetiu.
- Onde arranjaste o dente?
- Na floresta!
- Sabes que não podemos ir para lá!
- Eu posso! Eu faço o que quero!
Isobel afastou-se a correr até casa, onde fechou a porta. Não sentiu vontade de comer. Esperou, quieta, pela noite. Eram poucos naquela casa, apenas os seus pais e o seu irmão mais novo- todos os outros tinham morrido. «Um deles foi atacado por um lobo», lembrou com um estremecimento.
Quando finalmente escureceu, Isobel saiu de mansinho. Ia arriscar sair para a floresta. Olhou para o céu, para o quarto minguante semi-oculto. Nem isso a desincentivou.
Depressa se embrenhou na floresta, mais escura que nunca. Ouviu um som atrás de si e, instintivamente, agarrou o dente de lobo no seu colar. Só agora se lembrava que devia ter roubado um cavalo da aldeia- pelo menos tornaria a viagem menos cansativa e assustadora. Pensaria nisso na próxima vez.
Se houvesse uma próxima vez!
Continuou a caminhar, sentindo-se nervosa como nunca. Nas suas anteriores expedições nunca se sentira assim- era estranho!
Um som ecoou pela floresta, seguido de um uivo. Isobel, de tão nervosa que estava, começou a correr sem destino.
Só quando tropeçou e aterrou na lama é que se apercebeu que se tinha embrenhado demais na floresta e que estava perdida.

sábado, 2 de maio de 2009

Lobisomem- parte 1

Isobel caminhava pela floresta nocturna. Não era alta nem baixa, nem gorda nem magra, mas sim uma robusta rapariga do campo. As florestas durante a noite eram perigosas, especialmente para raparigas. Mesmo assim, aquela floresta frondosa e escura transmitia-lhe uma sensação de calma que não encontrava em mais nenhum sítio.
O luar salpicava de prateado o seu caminho e Isobel sorriu a esta visão. Talvez dormisse ali mesmo e acordasse de madrugada para chegar a casa a tempo de ninguém reparar.
Uma nuvem cruzou os céus e mergulhou a floresta na mais profunda escuridão. Fechou os olhos e continuou a caminhar, ignorando os galhos caídos que lhe feriam os pés.
Um som agressivo quebrou o silêncio e, com uma inspiração sonora, Isobel voltou-se. Focou os olhos e distinguiu uma sombra. Segundos depois distinguiu ainda outras duas. Começou a tremer.
Ladrões!
Estes aproximaram-se dela. Eram pelo menos quatro, todos eles homens. Falavam uma língua que não percebia, muito diferente da sua.
Isobel começou a recuar, enquanto os homens falavam entre si. Sabia que não lhe valia de nada tentar falar com os homens, pois eles não a compreenderiam, nem gritar por socorro, pois ninguém a ouviria.
Perguntou-se o que os homens lhe fariam. Não trazia dinheiro nem nada de valor, pois não o possuía. A sua única peça de valor era um colar pendurado ao pescoço com um dente de lobo que encontrara na sua última ida à floresta.
Um dos homens agarrou-a por um braço e, instintivamente, Isobel começou a gritar. Sentiu a boca ser coberta por uma mão enluvada e outra mão revistar-lhe os bolsos do vestido. Não sabia como escapar.
Subitamente, os homens recuaram e Isobel caiu sentada no chão. Recuou até encontrar um tronco de árvore e escondeu-se quanto pôde na penumbra.
Um estranho ronco ecoou pela floresta, seguido por um uivo. Os ladrões gritaram em pânico e Isobel perguntou-se se não seria uma matilha de lobos. Se sim, temeu ainda mais pela sua vida, transpirando e tremendo no seu canto.
Ouviu o uivo ainda mais forte, seguido pelo rosnar característico. Passos rápidos percorreram o chão e os ladrões gritaram ainda mais alto. Isobel encolheu-se como meio de protecção.
Aos poucos os gritos iam cessando, o que indicava que eram cada vez menos ladrões (esperava ela). Os lobos mexiam-se com velocidade, invisíveis na noite, enquanto desmembravam os seus inimigos.
Poucos segundos depois, tudo tinha terminado.
Caiu um silêncio pesado. A medo, Isobel procurou focar os olhos no escuro. No início viu apenas escuridão, negro, trevas. Depois, a nuvem começou a desviar-se e Isobel pôde finalmente ver os seus salvadores. Qual não foi o seu espanto quando apenas viu uma estranha criatura semelhante a um lobo, mas muito, muito maior, quase do tamanho de um cavalo de costas arqueadas. O seu pêlo farto e cinzento estava manchado de suor e de sangue e respirava com força, como se estivesse cansado. Á sua volta jaziam os corpos dos ladrões, mortos.
O grande lobo olhou para ela e Isobel encolheu-se. O animal farejou o ar, sacudiu-se e caminhou na sua direcção, de cabeça baixa. O luar banhou-lhe o pêlo cinzento, traspirado e manchado de sangue vivo. As suas mandíbulas estavam igualmente manchadas e pendiam na direcção do chão, de uma maneira algo assustadora.
Isobel inspirou sonoramente e o grande lobo parou. Farejou o ar com ainda mais força e esticou a cabeça quase a tocar-lhe. Por instinto, Isobel estendeu a mão e o animal recuou com a cabeça um tanto bruscamente. Depois, mais calmo, fechou a boca e aproximou-se ainda mais. Isobel acariciou-lhe as orelhas peludas e percorreu o focinho do animal, explorando as formas invulgares e caninas. Não percebia porque razão o lobo não a atacava. Talvez fosse uma armadilha, embora duvidasse que os lobos tivessem a capacidade para pensar numa armadilha daquele tipo.
Isobel levantou-se e o lobo postrou-se a seu lado.
- Não me sigas!- sussurrou.
O lobo sacudiu-se, libertando pêlos cinzentos, e olhou-a com os olhos muito escuros e profundos. Mais calmo e mais perto dela, não parecia tão grande, dava-lhe mais ou menos acima da cintura. O lobo sentou-se e ganiu.
Isobel reparou que o lobo lambia a pata direita. Aproximou-se, mais por instinto do que por vontade, e pegou na pata do lobo. Tinha uma ferida enorme e feia, que se destacava bastante no meio do pêlo manchado. Aliás, nem percebia como não tinha reparado nela.
- Para te tratar disso tenho de te levar para minha casa!- sussurrou.
O lobo parecia divertido com a sua afirmação, pois lançou um som amigável das profundezas da sua garganta e os seus olhos brilharam intensamente. Isobel riu-se ao pensar como seria chegar a casa com o lobo e dizer que este a tinha seguido até casa.
Largou a pata do lobo e começou a caminhar, sendo seguida de perto pelo lobo. Tinha medo de voltar para a aldeia com o lobo, principalmente porque tinha medo que o abatessem. E Isobel já se sentia, de certa maneira, ligada ao animal.
Á entrada da aldeia, o lobo estacou. Isobel também parou e ficou a olhar para o seu novo amigo, perguntando-se porque razão este se encontrava parado, com a cauda a abanar de maneira calma.
- Então, não vens?
Aproximou-se do lobo e este recuou, ganindo quando a sua pata direita encontrou o chão com demasiado peso.
- Não te afastes!- pediu Isobel, num sussurro.
O lobo sentou-se e deixou que ela se aproximasse. Mesmo sentado continuava grande demais para um lobo normal.
- Ah, tu percebes o perigo, não é?- sussurrou Isobel, num murmúrio de compreensão.
O lobo fitou-a momentaneamente e logo depois começou a limpar a pata, cujo sangue começava a estancar. Isobel pensou que, sendo ele um animal selvagem, devia ter uma grande resistência a ferimentos.
O sol começava a nascer. Isobel não notara que tinha passado tanto tempo. Aí, o lobo ergueu-se e correu até se desaparecer na frondosa floresta.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A Artista

Acordas de manhã - é quinta-feira,
Não é o início, não é o meio e, pior que isso,
Não é o fim da semana!
Levantas-te, sabendo as expectativas que recaem sobre ti:
Querem que sejas médica, enfermeira ou até economista
Quando apenas queres ser artista…

Chegas à escola, é a confusão a que já estás habituada:
Todos se conhecem, todos se falam, todos se cumprimentam…
Menos tu! Tu sentas-te no teu canto a desenhar…
Não chateias ninguém,
É melhor assim…

Nas aulas, deixas os professores falar,
Não te metes, não comentas,
É melhor assim: as tuas ideias são muito diferentes.
Para ti, Pessoa era uma pessoa insegura
E Garret um autêntico comediante!
Mas shiu!, não digas nada…
Ninguém te escutará…

Vais para o almoço, esperas na fila:
Uma eternidade para continuares com fome!
A meio do caminho, deixas cair o tabuleiro
Todos se riem!
Abaixas-te para apanhar…
E percebes que todos olham para a tua saia curta manchada
Levantas-te com dignidade, não te importas…
E comes em silêncio.

Expectativas frustradas, pensas
Ao receber o teste de Biologia
Um cinco, dois traços e um semi círculo
Só vês formas geométricas
Qual enfermeira, qual médica
Só queres ser artista!

A caminho de casa,
Há aquela parede branca de cal…
Sempre te fascinou…

Pegas nos teus pincéis e nas tuas tintas
Sempre contigo, na tua mala
E, por impulso, preenches a parede,
Desenhando um novo mundo
Vindo da tua cabeça…
Nem reparas na multidão à tua volta,
Todos te observam com admiração…
Mas tu não te importas!

Pintas sem parar, determinada,
Algo te diz que sempre quiseste fazer aquilo!
Crias o teu Mundo, crias o Mundo de toda a gente
Naquela parede branca de cal
Agora das mais variadas cores!
Sentes-te orgulhosa!
Há tua volta há uma grande multidão, todos te admiram!
E, lá atrás, a tua mãe chora:
“A minha filha é uma Artista!”.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Desafio (Literário?)

Fui 'tagada' pelo meu irmão com o seguinte desafio:

1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Copiar a frase
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
6. Passar o desafio a cinco pessoas

'Houve apenas um único momento de ansiedade durante a manhã, quando um touro velho enfiou a cabeça pelas canas, fazendo as crianças gritar e dispersar'
Lobo Branco, by David Gemmell

Excelente livro, um dos meus favoritos de sempre, visto que o estou a ler pela 'enésima' vez, estava aqui ao lado ;p

Não vou tagar ninguém- eu sou mesmo assim.
PS: Quem quiser faça.
PS2: Se alguém fizer, diga qualquer coisa.